terça-feira, 23 de julho de 2013

A última gota

A chuva cai lá fora.
Questiono-me: que sou eu, além de mais uma gota entre tantas outras?
Seja eu a última gota na taça, à qual ninguém deu valor
Seja eu uma gota da tempestade que paira
ou o resto de veneno nos lábios da mocinha que morre ao fim do drama, ou uma última lágrima, ou quem sabe, o que sobra de uma chama acesa entre dois corações humanos pela manhã.
Da mesma forma que a água desliza pelo vidro e desaparece no solo, minhas costas deslizam pela parede e logo me vejo ao chão.
Em silêncio por fora
Inundada por dentro

De rosto molhado, não de chuva.
De corpo dolorido que carrega uma alma pesada, ou talvez, seja a alma que carrega o corpo até que se canse dele.

Anestesie-me!
Anestesie-me, porque dói. Sim, fisicamente e de espírito também, mas vamos, anestesie-me depressa!
Enquanto tantos decolam numa busca desenfreada por si mesmos, pateticamente fujo de mim.
Tento não me encontrar.
Tenho cruzado ruas que em sã consciência, jamais chegaria perto.
Tenho tomado atitudes que não são minhas.
Tenho usado roupas emprestadas.
Tenho contado histórias que não vivi. - Não minto. Eu nunca falo.
Tenho amado as avessas e vivido as avessas.
Tenho tentado, a todo custo, ser presente sendo ausente para mim.
Não me quero. Não agora. Não assim.











E lá do outro lado da janela, continua a chover.