quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Assoprando a poeira.

Tem um quarto aqui em casa cheio de relíquias. São memórias do passado. Tem um violão sem cordas jogado lá, tem alguns troféus meio amassados e um urso de pelúcia gigante um pouco rasgado. A minha caixinha de música está lá também, nem funciona mais de tão velha, mas eu guardei. Existem pilhas de cadernos com informações irrelevantes, revistas e livros que nunca li. Algumas fitas K7 também estão escondidas em algum lugar, algumas são lembranças um pouco desconfortáveis que prefiro nem ver, mas deixei lá.
Há ainda alguns canivetes, eram coleção. Brinquedos e mais brinquedos espalhados por toda a parte também ocupam o espaço... São lembranças jogadas, algumas ferem, outras adoçam, mas pouquíssimas me impulsionam a buscar coisas novas.
Mas sabe qual é o "problema"? A família vai ganhar mais um membro e o quarto precisa ser usado. Não tem outro lugar pra guardar tudo isso, então vou ter que abrir mão dessas coisas empoeiradas. Pode ser que isso me faça bem, por mais difícil que seja. Eu sei que a vida continua, eu sei. É por uma boa causa, é por questão de vida.Vida que certamente me trará mais sorrisos do que as lágrimas que essas coisas tem plantando em meus olhos.
É que o passado bem parecido com papeis antigos... No fim a gente queima tudo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Um bilhete pra você.

E depois de anos o comum é o esquecimento aparecer, os detalhes sumirem e as cores desbotarem; o comum é que com o tempo as lembranças tornem-se apenas memórias vagas na mente como aquela carta que te escrevi e a chuva destruiu. Então, por que nada mudou? É engraçado como meu coração ainda pulsa da mesma forma estranha quando ouço sua voz. Assim, meio desritmado, meio sem jeito, sem sequer entender algo.
E quem é que se dará ao trabalho de tentar explicar? É bem mais cômodo usar o bom e velho "deixa pra lá". Deixa pra lá essa infelicidade quase invisível; deixa pra lá o desgaste mental que o seu deixa-pra-lá plantou em mim, o importante é sobreviver. É, esquece.

Mas caso resolva aparecer, eu continuo morando na casa salmão de portão branco, só pra caso você queira aparecer.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não entendo...

"Eu não entendo. Não entendo seus segredos, não entendo quando é rude, não entendo quando tenta ser legal. Não entendo por que um dia você me amaria, e se for amor, não entendo por que teria fim. Não entendo o por que daquela música que você canta pra mim. Não entendo por que acreditamos em mentiras, não entendo por que se afasta e não entendo por que sofro. Há tempos já não entendo tanto mal entendido."

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O violinista


De que me vale ter uma plateia a me aplaudir, se não tenho sua atenção?
De que me vale tocar as notas mais bonitas, se você jamais as ouvirá?
Pra que me serviria tanta inspiração se aquela para quem meu coração deseja oferecer melodias, já não me vê passar?
Hoje somos eu e meu violino cantando em tom fúnebre, tal como meu espírito tornou-se.
São apenas partituras regadas por lágrimas que insistem em chamar de música. É toda a minha dor codificada em uma triste clave de sol.

Incurável

Convença-me de minha loucura,
porque talvez exista uma estrada rumo à sanidade.

Convença-me que é um sonho,
sem perspectiva de tornar-se real
Mero devaneio.

Convença-me que estou doente!
Convença-me de que há remédio e mostre-me a saída.

Que houvesse enfermidade
Que o hospício me aguardasse
Ou que do sono eu despertasse!
Antes fosse...
É tão somente amor.
Amor desmedido
Incondicional
Eterno

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sem direção.

Desliza o carro pela pista molhada de tempestade que vem e atinge o solo com fúria. Quão cruel agora me parece o contato entre chuva e estrada! Como um casal que por ciúme briga e grita. No interior do carro apenas o silêncio e a grande confusão mental. Em seu rosto ainda é possível ver a angustia de quem quer fugir, mas não sabe pra onde ir. São seus pés que agora descontam tamanho desgosto no acelerador. 130km/h, indica o ponteiro.
Qual foi a última vez que você teve certeza de algo? Já não se lembra de nada concreto, de nada que tenha controle. Nenhuma glória para recordar, apenas medo e tumulto incessante em sua mente. Seus olhos inundados já encobrem sua visão, a ponto de ver apenas borrões no que deveriam ser carros. 150km/h.
E a insônia da noite passada? O som da respiração parecia mais alto que o comum, juntando-se ao tic tac do relógio. Por volta das 4 da madrugada, os pássaros começam a cantar, mas nenhum pensamento que seja ao menos aceitável lhe passou pela cabeça. Vozes, malditas vozes! São só as velhas preocupações, os velhos problemas. Tem sido assim desde o último adeus. Ah, se o tempo voltasse! Morrer afogando-se é uma forma bem dura de partir. O oceano de desgraças e traumas em que tens se perdido é o mesmo que aparentava ser só um mar bonito em uma praia qualquer. Foram mais mentiras pra sua coleção de decepções. Mais um quadro pra pendurar na parede do seu quarto e expor toda a sua vergonha.
Mas sobre o futuro, não lhe aparecia uma vírgula no campo vasto de seu consciente. Nem uma palavra sequer. Nada. Parecia vazio, tanto quanto havia se tornado. Mas que futuro? Que amanhã se colocastes fogo na estrada do passado e ignoras o teu presente?

E quando o carro foi encontrado, constava: 200km/h e um trajeto repleto de anseios, mas sem nenhum amor que conduzisse a algum lugar.

sábado, 23 de julho de 2011

Simple girl.


Ela tinha uma forma muito única de viver e sentir as coisas. Era algo só dela, não se via em mais ninguém. Aquela loucura por tudo o que não se pode tocar era fascinante. Os melhores momentos que ela tinha se resumiam no ponto mais alto da cidade e a vista que aquilo tudo proporcionava. Colecionava cartas, chaveiros, palhetas e fotografias. Subia em árvores durante o verão; se escondia no porão durante o inverno. Costumava subir no telhado e observar as pessoas que pareciam formigas olhando lá de cima. Era uma pessoa, só mais uma pessoa que gostava de tomar chocolate quente e andava com várias blusas de frio quando o tempo esfriava, mas não podia perder a chance de tomar um sorvete na pracinha ou caminhar no parque em uma tarde ensolarada. Tinha também coleções de traumas e decepções em sua pequena bagagem, levara segredos com ela durante anos de sua vida até finalmente conseguir conversar. É que ter segredos faz parte de suas características, isolar-se faz parte do que é. - Não é que ela não goste de conhecer pessoas - Ao contrário, é incrível ver novos sorrisos, mas ela estava acomodada com um simples: "Tudo bem, deixa pra lá." Afinal, quem se esforçaria pra entender? Quem é que se importaria? Na verdade, nem mesmo ela se importa. Vamos guardar as relíquias e enterrar no amanhã, talvez um dia, tornem-se úteis.

sábado, 25 de junho de 2011

Butterfly.


Pequena, continue a colorir meu mundo. Continue a voar, continue espalhando encanto. Continue roubando sorrisos, continue. Quando tentarem te sufocar, resista, pequena borboleta, você precisa continuar voando, eu preciso de sua fragilidade para criar a minha força.

terça-feira, 21 de junho de 2011

É isso aí, a história curta. Nenhum amor, nenhuma glória, nenhum herói em seu céu. É isso aí, como você disse que deveria ser, nós dois esquecemos a brisa, na maioria das vezes. É isso aí, a água gelada, a filha do vento, a pupila da negação... Eu disse que detesto você? Eu disse que quero deixar tudo para trás? ♪
       The Blowers Daughter, Damien Rice.

sábado, 14 de maio de 2011

Outro devaneio.

"Feliz Aniversário, meu amor!
Você sabe que enquanto eu respirar vou amar você, então não se esqueça disso. 19 de Julho, mais um de muitos que passarei ao seu lado."

Essa noite eu me deixei cair no sofá, apoiei a cabeça em uma almofada e liguei o som. Então encontrei esse cartão com desenhos de flores e balões, escrito por você, ano passado. Enquanto os meus pensamentos corriam de lá pra cá, eu me prendia à observar a lareira. Tantas noites se passaram e a minha vida se tornou rotina, eu chego do trabalho vendo as pessoas passarem como vultos, de alguma forma, estou sempre só. Exceto quando te sinto aqui.
Desde que você foi embora, eu tento lutar contra essa saudade. Ontem eu dirigi sem rumo pela cidade à noite. Talvez, 120km/h fossem apagar as minhas memórias, mas ali, bem ao meu lado, senti a sua presença e quando me virei pra ver pude te ouvir gritar pra tomar cuidado com o caminhão que vinha em minha direção. Eu desviei logo, mas quando olhei, não te encontrei, doeu muito. Eu estava mais uma vez, sozinha na chuva. Talvez eu realmente tenha enlouquecido, ou seja só o gole de whisky que me deixou um pouco tonta. Queria que você pudesse me ver agora, abraçando o urso de pelúcia que você me deu junto ao cartão, feito uma criança assustada. Como se isso fosse acabar com a falta que você faz. Tolice!
Saudade dói e dói muito, se você soubesse... Eu faria qualquer coisa por um abraço teu agora. Não é que eu queira você, é que eu preciso de você. [...]

Nós sonhávamos em ter uma casa com lareira, hoje eu tenho isso. Mas que diferença faz se você não está aqui pra me abraçar? Eu realizei quase tudo o que planejamos, mas pra mim não faz sentido viver sozinha os sonhos que você colocou em mim. Eu queimei as tuas fotos nessa mesma lareira, porque todos me diziam pra esquecer e seguir em frente, mas queimar suas fotos é como queimar minh'alma. Eu não esqueci, é que na verdade eu vou amar você pra sempre mesmo. Já até aceitei isso. [...]

Outro gole de whisky, seu rosto me parece triste. Tudo está tão turvo! Cadê o teu sorriso? Eu preciso dele. Preciso de você pra me carregar pra casa, igual fazíamos antigamente. Você bêbado me carregando bêbada, nós dois cantando e rindo sem motivo algum.
Senti uma pontada no peito, vai passar. Eu tenho a impressão de que esse cartão tá me encarando, como quem quer dizer algo. Talvez seja mais uma lembrança sua que eu deva apagar. Eu preciso dizer: aprendi que tudo na vida tem cura, menos o amor. Olha, a fogueira tá quase apagando. Preciso aquecer meu corpo, então o cartão vai para a lareira, tá? Vai doer em mim, destruí todas as tuas lembranças, mas aqui dentro, tudo continua vivo, e em qualquer lugar, você há de saber.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre o amor.


Sabe aquela coisa de ficar feliz só por sentir alguém em especial respirando? Quando duas pessoas cantam juntas qualquer música aos berros, quando querem cuidar um do outro e tudo sem destruir a liberdade e o respeito [...] Então, você se pega sorrindo automaticamente ao ouvir aquele nome ou quando lembra de algo. É puro, acho que o amor é exatamente isso.

Ao sol.


Às vezes a vida parece enredo de filme. Tem aquele momento de ter que mudar seu rumo, sentir uma lágrima no rosto e saber que o dia está nascendo enquanto a música toca alto no fundo, seguindo o ritmo dos teus passos.
É quase isso, vez ou outra, aparece um sorriso bobo e passageiro, mas a vida continua, mesmo quando os créditos rolam no final.
Deslizes demais, quedas demais... Não sei se estava tudo isso no script, mas agora faz parte do filme.

Quase música, quase poema, quase crônica.

Ah, doce inércia de existir! Por todos os lados que olho, não vejo por onde escapar e nem um bom caminho pra seguir, tudo se perdeu.
Enquanto memórias amargas embalam a dor, sinto o toque frio da morte e o corte da saudade. É a falta, é o fim de tudo.
Te lembras da tua inocência de criança? Acreditavas que podia salvar o mundo. E agora? Não podes salvar a ti mesmo, quanto mais um lugar tão obscuro.
É que nossa culpa amarga a alma, nosso riso se fez luto.
Tristes passos por esperar um futuro tão incerto!
Com o que sonhar agora? Já que o arrependimento nos tragou de forma tão brusca...
Deixe-me à beira do mar ouvir o sussurro calmo do vento como consolo pela fúria das ondas. Sinto-me tonta, preciso descansar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cinzas ao vento

Enquanto encaro o espelho, vejo-me como um trapo
Pano qualquer em um simples remendo desgasto com o tempo;
Escasso, velho, tecido qualquer.

São cinzas ao vento de fumo tragado por um povo amargo
E de tão pouco amado, entorpecido tornou-se.
Esquecido, massacrado, sujo, insano.

Folhas rasgadas nas quais choro as magoas por quem nunca me amou.
Vida ingrata! Pudera eu matar a distancia entre a dor do meu pranto e a beleza do teu canto!
Agora, limito-me a sonhar.

E as flores jogadas pelo caminho traçam teu rumo
Jornada ao paraíso em que vive sem mim.
Se ao menos lembrasses do tempo em que me amastes,
Memórias que guardastes em algum coração.

Somos cinzas ao vento de fumo tragado por um povo amargo
E tão pouco amado que entorpecido tornou-se.
Somos lágrimas de quem um dia se atrevera a matar o sonho.
Era uma vez uma moça bonita, uma rosa e um tímido rapaz risonho.

terça-feira, 19 de abril de 2011

When I grow older, I will be there...

... at your side to remind you how I still love you. ♫


"Quando eu estiver velho, eu estarei lá, do seu lado pra lembrar o quanto eu ainda amo você." ♥


Sonhos de bolso.


Antes eu queria coisas tão complexas - analisando humanamente -, e hoje o que quero, me parece simples. Não é pouco, mas é uma simplicidade surpreendentemente perfeita e completa. Meus sonhos são tão pequenos que cabem numa caixinha de fósforo. São compactos, consigo guardar no bolso. Tento escrever meu manual de como fazer a quem amo feliz, mas às vezes escrevo com tanta euforia que na hora de ler não entendo, erro, machuco. Aí não me resta outra alternativa que não seja reescrever. Faço com calma, em forma de poesia que leio para alguém ninar. Ela é a minha pequena, que seguro nos braços e tenho medo de soltar, pois não quero que o mundo a destrua. Posso te tirar pra dançar agora? Tem um jardim lindo bem logo à frente. Não temos música, mas eu posso cantar pra você. Até tiro meus sonhos do bolso e te mostro, pra você eu mostro, só pra você. É claro que vou cobrar algo, mas desde que você sorria, já é o bastante pra me pagar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Viver ou sobreviver?


Ninguém é um robô, as pessoas não são apenas seres que respiram, se alimentam e dormem, elas sentem, precisam falar, desabafar, de afeto, de compreensão. Qualquer ser humano cansa em algum momento de ser um passatempo. Não importa quanto tempo passe, um dia você vai abrir os olhos e perceber que não recebe de volta nem metade da atenção que dedica. E aí você cansa da mediocridade que foram os teus dias e de quanto tempo perdeu, então passa a fazer novos planos - não significa que devemos tomar atitudes esperando algo em troca -, mas que devemos rever no quê aplicamos nosso tempo. Aprendi que não importa o que eu passo ou quantos problemas eu tenho, isso não me dá o direito de ser rude com alguém que se importa. Descobri que gratidão é muito mais que um simples obrigado, que sonhar também tem seu preço e que existem planos que você vai ter que esquecer, por mais que machuque o tempo te ensinará a fazer sem deixar marcas. Desistir nem sempre é covardia. Chorar não é sinonimo de fraqueza. Amor verdadeiro resiste à rotina, ao tempo e à distância, mas não resiste ao desprezo. Se você não cuidar do seu coração, ele morrerá. Amor é raro, nobre e puro, merece ser cultivado.

Viva sem estar preocupado com as incertezas, ninguém está completamente certo. Se arrependa das coisas boas que deixou de fazer, aprenda com os erros. A cicatrizes são só um lembrete para que você não se esqueça de como elas foram feitas e cuide mais de si mesmo. Manhãs são presentes, chances de recomeçar. Entoar melodias é uma forma de colocar o que a sua alma grita pra fora. Viva, apenas viva.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Suspiro.


Foi só uma tempestade, vento forte, um bramido do mar. Uma noite de chuva, gritos, choro e dor. A dor pela falta de algo que não podemos recuperar. Foi só um pesadelo, passou.
Nós acordamos nessa manhã tão bela vendo o sol sorrir para nós. Observando as nuvens que se estendem pelo céu com um lindo tom anil. Ouvindo os pássaros que parecem acompanhar a sinfonia belíssima entoada pelas aves nos galhos.
É como se fosse o primeiro dia de nossas vidas. Como uma tela pintada especialmente para nós e, que belo presente é a vida! Eu paro e posso ficar horas sentada observando a luz do sol entrar pela janela e encher toda a casa. Eu não sei explicar a sensação boa que isso me causa, e nem ao certo o motivo. Acho que se resume em paz, esperança e alívio por ter sobrevivido até o dia de hoje.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Fly.


"Agora eu sei o quanto você precisa ser livre, e toda a minha dor será passado quando você estiver sorrindo. Então vá, meu anjo. Voe. Voe alto, pra longe, você só não pode se esquecer do quanto eu sempre vou te amar, meu anjo."

Você vai abrir os olhos pela manhã e então há de perceber o tamanho da sua força. Sabe quando o sol estiver invadindo o seu quarto? Então, estarei pensando em você. Por favor, esteja sorrindo.
Sabe quando a culpa e a dor tentarem te sufocar e te fazer gritar? Eu vou sentir e vou desejar com toda a minha força estar ao seu lado. Por favor, sinta o meu abraço, mesmo que agora ele seja só palavra. Amanhã sempre será outro dia e tudo vai ficar bem. Eu vou lutar, porque você me ensinou que vale a pena. Eu vou viver, porque você me mostrou que existe vida. Vamos manter a fé juntos. Quando chover, deixe as gotas tocarem seu rosto. Quando ventar, deixe que a brisa lhe beije a face. Não permita que a vida mate os teus sonhos, não desista, só viva, voe alto sem medo de cair, eu estarei fazendo o mesmo do outro lado do oceano, e tudo porque um dia te conheci.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Passagem. (Ou Manual de Vida, como prefiro chamar.)


Talvez algum dia você acorde com uma ligeira vontade de deixar que o tempo passe por você, como faz o vento em um dia de chuva. Às vezes o desejo de que a vida te leve seja maior do que o de guiá-la. Às vezes você quer ficar deitado pra ver se assim as coisas não chegam até você, como se a cama e por debaixo das suas cobertas houvesse o lugar mais seguro e a melhor fortaleza. Mas no fundo do seu coração a vida pulsa, o despertar tem que ser maior do que a inércia de um não querer. Mesmo quando as pernas não te derem força suficiente e mesmo que de alguma forma alguém ou alguma situação insista em tirar tudo aquilo que te traz um sorriso, resista.
Vale a pena respirar fundo de novo, por o pé pra fora de casa de novo, ver o céu e perceber como o azul dele é tão distinto de qualquer outro azul que você pode ter visto na vida e saiba... Você nunca verá um igual, nem quando o mar se une ao céu num horizonte montado pelo momento. O azul do céu é aquele mesmo da visão de uma possibilidade. Da possibilidade de um novo dia. Acordar um dia após o outro não é uma simples coincidencia biológica, é uma chance, todos os dias que você abre os olhos e levanta a cabeça do travesseiro é mais uma chance pra fazer da sua vida o que você realmente quer. Todo novo dia é uma nova vida, é uma que nasce ou renasce. Aprenda nesses dias, como se fossem matérias de uma escola, aprenda a viver e aprenda a aprender. Seja humilde, admita que mesmo que já tenha visto tantos dias ainda não sabe de tudo que pode acontecer, nunca desista, lute até o fim e quando estiver quase sem forças, finja de morto. Ganhe tempo e volte como no começo da batalha. Em uma guerra certas vezes é necessário recuar para vencer, esperar, planejar e conquistar. Cuide do seu coração, saiba amar, saiba sofrer, saiba cultivar. Amores são como vinho, não se esqueça: Quanto mais velho tão mais amor. Apaixone-se e deixe-se queimar, e quando a chama apagar saiba curar as feridas que o fogo causou, saiba também que o tempo é o melhor aliado de um coração partido e o melhor parceiro para novos amores. Tenha paciência, saiba provar os sabores da vida com calma e entenda... Nem sempre as pessoas vão compreender as suas ideias, saiba aí então respeitar. Às vezes o silêncio ajuda na reflexão sua e dos outros. Lembre-se: A união de ideias constrói, a discussão corrói. Eu sou pequeno, eu admito que não sei nem mesmo quem sou com os poucos dias que eu já passei, não me arrependo das horas que gastei na minha vida e como uma criança ainda espero com esperança, como um sorriso inesperado pelo que a vida ainda tem a oferecer. Esteja aberto, abra os braços para o amanha e ponha os pés no hoje. Caminhe e divirta-se nessa viagem, na vida estamos todos de passagem.


Autor: Ricardo Artur M. Castelli.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Napoli.


E ele venceu tudo, porque jamais deixou de ser um herói.

"Se eu tivesse apenas um desejo, um único pedido, eu pediria pra ele não ser igual a mim. Espero que ele seja compreensivo, que ele abrace essa vida, segure-a pela mão e a apresente ao mundo com os braços bem abertos.
De braços bem abertos sob o sol, bem-vindo à esse lugar, vou te mostrar tudo de braços bem abertos. Agora tudo mudou, vou te mostrar o amor, vou te mostrar tudo com os braços bem abertos." (With Arms Wide Open - Creed)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Lembrar sem dor... Um dia, talvez.

Eu me pergunto se um dia será possível. Me pergunto se isso te machuca ou não, queria saber o que você realmente sente.
Saber que você não está aqui dói, mas ainda dói mais te prender e saber que você não ficaria bem. Então vá, anjo meu.
Eu me pergunto se um dia conseguirei sentir a brisa no rosto sem imaginar um toque seu, se vou conseguir fechar os olhos e não pensar no nosso abraço que paira no ar, é um sonho que talvez nunca aconteça. Esquecer tudo, toda a inocência da primavera mais bonita existente? Não posso. É assim, eu fecho os olhos e lá está você colocando uma flor no meu cabelo. Eu respiro e sinto você me tocar o rosto. Eu tento me prender ao silêncio, e lá está você me tirando pra dançar. Sonhos, sonhos, só sonhos. São reais, vivem em mim.
Ei, querido, se você vai guardar todos os nossos planos, guarde em uma caixinha de cristal e esconda com você. Não quero que ninguém encontre, porque são só nossos. Talvez um dia a gente possa abrir essa caixinha e ver tudo brilhar com a intensidade que sentíamos o nosso amor.
Eu só quero respirar sem me sentir sufocada pelas lembranças que ainda machucam, mas é sempre o seu abraço que fica em mim. Vamos voar juntos, anjo meu, pra longe...

Verdades camufladas.


O dia está nascendo, eu fico em dúvida se sinto o vento gelado ou se me entrego à sensação de alívio dos primeiros raios de sol deste amanhecer.
É que a ausência é multidão, o meu grito é o silêncio e a solidão me abraça com paixão. O nada às vezes é muito e só nós entendemos isso tudo.
Eu prefiro não sonhar, porque aí os sonhos correm atrás de mim. Eu parei de construir castelos de areia, porque as ondas sempre os derrubam. O meu sorriso revela dor, as minhas lágrimas são alegria. É difícil entender? Não vejo complexidade.
Eu moro na ventania, faço da tempestade o meu quarto. As manhãs ensolaradas são o meu jardim. Ele é sempre belo, porque é regado com o que sinto. Existe beleza nas coisas tristes. Felicidade é a morte da saudade.
E Eu vou pintando sozinha esse quadro que foi deixado pela metade. Talvez eu pinte o meu jardim nele, talvez seja regado com lágrimas.
Minha única certeza é que a moldura será feita de um material raro, cujo nome é amor.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O nosso "adeus"?


Você sempre foi lindo, absurdamente lindo. Oh meu amor, que falta você me faz! Machuca saber a forma como você está mesmo tendo sofrido tanto quando você decidiu me deixar. Eu não entendo o porquê a vida insiste em te ferir tanto. Eu odeio de todas as formas o seu sofrimento.
Preciso ser sincera comigo mesma, eu ainda sinto a sua falta. Eu digo que não a maioria do tempo, mas eu penso estar enlouquecendo quando te sinto aqui.
Sinto falta da sua voz rouca acordando, do seu inglês engraçado, e de todas as canções que você dedicava a mim. Sinto falta do seu jeito de menino aprendendo a ser homem, e sofrendo com as responsabilidades e cobranças da vida, mas mesmo assim, levando tudo como pode, sem ter pra onde fugir. Sinto falta de ouvir você dizer que me ama, e que tudo iria ficar bem, de acordar te esperando chegar e contar os dias pra te ver, sabendo que no fundo, você nunca viria.
E “nós”? O “nós” não existe mais. Nós morremos tão jovens, tanta vida jogada fora em tão pouco tempo!
O que nos resta é o silêncio, e as gotas frias de chuva que toca nossos lábios sem cor antes que joguem flores sobre nossos corpos, nos enterrem e, aplaudam. O pra sempre só existe assim, na morte.

Sei lá...



Hoje você é um fantasma que às vezes volta e assombra a minha mente. É como algodão doce embebido em veneno, como um livro inacabado, mas que certamente teria um fim trágico. É como um pequeno lago de água gelada. É um código indecifrável. Uma triste canção infindável, cheia de agudos cortantes e ásperos tons graves. Eu não posso entender... Por que vendeste a tua alma por tão pouco? Em que rumo o teu sorriso se perdeu? Você costumava ver a vida com paixão, e o teu olhar era repleto de inocência, mas hoje, o vejo partido como louça fina que cai por acidente e se quebra. Eu nunca compreendi a tua mente conturbada. Talvez as migalhas de amor dentro de ti, se encontrem com a tua frieza e loucura. E assim juntem-se num beijo desesperado de saudade.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Liberdade.




Se precisa ir, vá. Não seja um pássaro triste na gaiola.
Vá voar, conhecer a vida, conhecer a si mesmo.
Voe alto, sem medo de se perder, sinta o vento em seu rosto e aprecie toda a liberdade.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Desabafo anônimo... Ou não.


Desde o final de setembro tudo mudou muito. As coisas ficaram mais difíceis e tomaram uma proporção muito maior que me deixou perdida.
Eu acho que estava bem, apesar de estar sem uma base eu conseguia manter a força e continuar de pé. Mas foi só vir um vento e tudo desabou. Não devo depositar a culpa em algo quando na verdade eu me deixei cair.
Outubro... tristes lembranças de uma primavera sem flores. Eu andava dispersa e quando me dei conta já havia me apaixonado. Só eu sei o quanto pareceu real pra mim, porque de alguma forma os sonhos dentro de você são uma realidade incontestável, e como dizer que algo capaz de mudá-los não é real? Ao menos da minha parte foi.
Eu me sentia tão segura! Tudo parecia certo, estava planejado, eu acreditava. Acreditar em nós era acreditar na vida. Sempre acreditei em nós, sempre coloquei minhas forças nele e em nosso belo futuro. Qualquer problema era fácil de resolver desde que estivéssemos juntos. Não havia tempestade ou tempo difícil, só existia amor. Era o que de fato importava, mas houveram alguns erros de cálculo e o resultado foi fatal. Pode-se dizer que por sorte as coisas permaneceram, ou ao menos os vestígios delas. E aí eu passei a viver com o que restou de mim.
Em setembro já havia começado uma guerra que me deixaria vulnerável a ponto de me apaixonar no mês seguinte. É difícil continuar sorrindo quando a sua casa parece um campo de batalhas. É difícil tocar as feridas mesmo que seja pra fazer curativos.

Novembro... Mês de tentar descobrir que o sol continuava a brilhar mesmo com tanta chuva.
Junto com dezembro foram os cortes, o sangue, o álcool, a dor. Drogas e beijos perdidos. Rápida alegria escondida na angustia. Dezembro era mesmo o fim, o mais perto da morte.

Agora é janeiro, você só se dá conta quem sobreviveu quando o meio do mês chega e você conseguiu afogar os erros. Talvez você precise de um perda, do silêncio, da solidão ou só do tempo, mas é gratificante ver que a vida continua e que ainda existem chances.

É passageiro, deixa pra lá.


Não sinto vontade de escrever agora, mas preciso escrever, porque algo está me sufocando. Droga, droga de tristeza! Maldita dor que vem sem explicação. Talvez isso aconteça porque eu procuro a tristeza, talvez ela nem apareça sozinha. Por quê? Por que eu insisto em me magoar? Estupidez? Acho que é involuntário.
Eu ainda sou humana... Não sou? Agora me encontro sentada à beira do mar, sobre a areia clara e umida, acho que sou a única aqui, porque quando olho à minha volta, não vejo ninguém. Só a brisa que parece me tocar o rosto com ternura, com piedade. O vento é a minha única companhia agora. O som do mar é uma sinfonia, a sinfonia dos corações frustrados. A sinfonia daqueles que vivem de coração aberto e, que acabam sofrendo por isso. É a melodia feita de lágrimas no lugar de notas, e talvez seja desse jeito que o mar é formado, de lágrimas. Talvez a vida seja um grande talvez.

Hoje eu me sinto como uma estrela que se apaga. Eu ouço o piano, e as notas me parecem lágrimas. Eu me encontro dirigindo em alta velocidade em uma estrada escura no meio da noite, talvez pra tentar esquecer tudo. Esta dor passageira que parece ser eterna me deixa destruída. Eu sinto vontade de questionar a vida, de buscar respostas, mas sou demasiadamente covarde para isso. Agora eu me sinto tão perdida, tão só.. Está frio... e.. escuro... eu sou pequena e fraca demais! Por favor, me tire daqui! A morte parece tão perto, é como se ela me tocasse com dedos frios, e esse toque machucasse a minha pele.
Então eu grito e imploro por socorro, uma luz forte aparece e me cega por alguns instantes, e os dedos frios da morte já não conseguem me alcançar. Alguém segura a minha mão, seu brilho é tão grande que eu mal posso ver seu rosto, só sei que esse alguém me trouxe paz. Meu medo da morte se foi, eu ainda sinto as gotas aquecidas de lágrimas em meu rosto, que agora é iluminado por um raio de luz, pelo sorriso desse alguém que me deu a mão. Agora eu me sinto em paz, me sinto no paraíso.

Memórias do que nunca aconteceu.


Nunca pensei em viver muito. Nunca me imaginei com mais de trinta anos porque sempre achei que a tendência era as coisas piorarem... Até te conhecer.
Com você eu viveria o tempo que fosse, veríamos os anos passando juntos, nos casaríamos ainda jovens e ficaríamos unidos até o fim. Com você eu construiria sonhos e nos divertiríamos das formas mais bizarras possíveis. Seriamos duas crianças grandes roubando carrinhos de supermercados. Talvez você me ensinasse a subir em árvores altas, talvez pudéssemos morar num trailer e viajaríamos o mundo com ele.
Eu te acordaria no meio da madrugada pra comprar sorvete e acordaríamos assistindo seriados bobos.
Eu te amaria a cada instante e te ver sorrir seria o único motivo da minha existência.
Um dia teríamos filhos, primeiro um menino, foi o que sempre planejamos. Você o ensinaria a ouvir Iron Maden e tocar piano, eu o ensinaria a ouvir Debussy e tocar guitarra. Sim, nossa vida seria um monte de contradições, mas seríamos felizes. Nosso filho iria pra escola aos cinco anos com uma camiseta do Ramones e eu faria aquele moicano no cabelinho liso dele enquanto você observaria a cena rindo com o olhar repleto de alegria.
E continuaríamos juntos.
Comendo besteiras nos finais de semana e falando da vida sem deixar tudo cair na rotina. Deitaríamos na calçada como antes, só nós dois pra ver as estrelas no céu. Eu te ouviria dizer que me ama. E eu te beijaria todos os dias como se fosse a primeira e a última vez. Lutaria pela vida com uma força sem igual, seria grata e até teria fé, porque o “NÓS” seria um milagre.
Envelheceríamos juntos e eu te chamaria de “velho rabugento” só pra te encher, porque tenho certeza que mesmo com cinqüenta e muitos anos, você ainda seria incrível. Eu te levaria café na cama e esperaríamos nossos filhos saírem de casa pra ligar o som bem alto. Se fizéssemos isso na presença deles, pensariam: “Que velhos malucos!”
Então, em 2061 tudo estaria bem. Estaríamos juntos, veríamos o cometa Halley no céu, abraçados, pensaríamos em fazer um pedido, mas no fim de tudo chegaríamos a uma única indagação: “Pedir o quê se já tivemos muito mais do que qualquer ser humano sonha em ter?”