domingo, 25 de julho de 2010

"Você não tem um sonho sem ter a capacidade de realizá-lo." (Richard Bach)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Insônia

Já passava das três da manhã, a jovem levanta da cama sem sono, pega o jarro d'água que está sobre a cabeceira, coloca um pouco de água no copo ao lado e bebe rapidamente. Liza se mudara para a pequena cidade do interior há pouco tempo, estava em fase de adaptação. Em algumas noites como essa, o sono lhe parecia fugir.

Ela passa as mãos pelo rosto e pelos cabelos, coloca o copo sobre a cabeceira novamente e continua sentada por alguns instantes, até que decide sentar-se em um sofá próximo à janela. As luzes do quarto estavam apagadas, mas as luzes da rua entravam através dos curtos espaços da janela, algumas frestas de luz lhe iluminavam o rosto, o pijama e as mãos. Liza coloca as pernas em cima do sofá e observa as frestas de luz em seu corpo. Os pensamentos começam a lhe invadir a mente. Ela pensava na cidade nova, nos vizinhos hospitaleiros, lembrou-se até de dona Isabel, que lhe trouxera um bolo como boas vindas, era uma senhorinha de sorriso largo e olhar humilde. Liza se lembrava do rosto dos jovens e dos assuntos deles, ela agora havia decidido ser outra pessoa, alguém bem melhor. Foi por isso que ela aceitou a mudança, por querer ser melhor.

Então as lembranças do passado começam a aparecer. Ela lembrava dos momentos difíceis, das brigas, dos erros, do sorriso malicioso das pessoas que lhe desejavam o mal. Lembrava vagamente da infância, da primavera em que o pai a ensinou a andar de bicicleta, mas esse pensamento era cortado com a lembraça de um dia no colégio quando algumas garotas riam dela. Ela agora sentia-se como uma criança que acredita estar cercada de monstros, as recordações que a assombravam. Ela fecha os olhos tentando esquecer, e o vento fresco da madrugada traz uma tranquilidade inexplicável. Tudo o que lhe passa na mente agora é a voz do amiguinho Felipe, que ela conheceu quando ambos tinham cinco anos. O dia no parque, o céu bem azul. Ela comia algodão doce, quando Felipe grita com entusiasmo: "- Liza, tem um monte de passarinhos no céu!" - Ela parecia não dar muita atenção, então o menino um pouco irritado, insistiu "- Liza, você já olhou pro céu?"
Essa última frase lhe ficara na memória. É o que ela sempre fazia quando precisava de calma: olhar para o céu.
Liza abriu os olhos, já estava mais calma, o sono começara a dar os primeiros sinais. De alguma forma, ela sabia que tudo ficaria bem. O sol logo nasceria, e provavelmente, uma nova Liza também.
- Já é tarde, é melhor ir dormir.

Planos para o futuro?

Giovanna e Gustavo caminhavam pela cidade, já era tarde, os amigos conversavam sobre o passado e começavam a pensar no futuro, quando Giovanna comentou um tanto assustada:
- Eu, honestamente, não consigo imaginar a vida daqui há alguns anos. O futuro me assusta um pouco.
Gustavo logo respondeu:
- Isso me parece tão normal! Nós nunca sabemos exatamente o que esperar da vida. Em um dia fazemos mil planos, e no outro, tudo muda. Eu me lembro que quando era pequeno, queria ser piloto de corrida. Quando completei 12 anos, meu sonho era ser lutador de vale-tudo. Aos 15, pensei em fazer publicidade, no ano seguinte comecei um curso técnico de química. E hoje cá estou eu, vivendo de música. - Ele sorriu e observou o vento forte que agitava as árvores, e continuou - Veja, por exemplo, tempo. Você sabeque vai chover por ver o céu coberto de nuvens, e porque venta assim. Você sabe que vai chorar quando seus olhos ficam úmidos. Você sabe que o sol vai nascer amanhã por estar acostumada a ver isso todos os dias, mas o mesmo não acontece em relação à vida. Um outro exemplo é que hoje somos amigos, e amanhã podemos estar casados.
Gustavo riu esperando a reação da amiga.
- Isso não vai acontecer. - Disse ela, sorrindo.
- Talvez. Mas o fato é que nunca temos certeza de nada, cabe a cada um buscar algo que lhe mantenha animado com a vida.
- A fé. É a certeza de que as coisas ficarão bem, e é o que me mantém animada com a vida. Costumo usá-la quando o futuro me assusta. Você devia tentar...
Giovanna olhou para o céu e suspirou. Tudo o que ambos precisavam naquele momento, era de algo que fosse certo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Voando...


Imagine se as pessoas pessoas pudessem voar, quão lindo seria! Nas horas ruins, quando se quer fugir, quando parece que nada está certo seria só voar pra longe, onde ninguém pode encontrar. Estou tentando não pensar no lado ruim, é claro que nem todo mundo pode voar, seria loucura e perigoso com as pessoas ruins do mundo.. mas não quero pensar nisso agora. rs
Eu só consigo imaginar o vento no rosto, as nuvens, as coisas pequenas lá embaixo.. Até mesmo as pessoas que sentem prazer na dor alheia, os sádicos, aqueles que sentem-se grandes e superiores, os olhares cheios de maldade... estão todos lá embaixo, tão pequenos que eu mal posso ver. Irrelevantes, quase não posso notá-los.

Eu vejo o mundo como um todo, as árvores, os rios e mares, as colinas, alguns pontinhos... e acho que são pessoas.
Agora começa a anoitecer, devo estar com as mesmas cores que as nuvens costumam ficar quando eu as vejo no fim de tarde.
Mais alguns minutos e já é noite, o tempo está esfriando, mas não muito. A lua está tão grande e brilhante, parece tão perto! Eu vou seguindo o caminho do vento, espero que me leve até mais perto da lua, que talvez eu consiga ver as estrelas mais próximas. Não tenho pressa de voltar pra casa, eu poderia ficar aqui pra sempre. Aqui eu vejo tudo o que sempre esteve a minha frente, pronto para ser admirado, mas só agora vejo com clareza. A velocidade é bem alta, alta o bastante pra me fazer esquecer o mundo abaixo. Tudo bem, já passou.
Eu fico por aqui. Talvez um dia eu volte... talvez.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Viver

Os dias se passam, nas ruas os carros correm e as pessoas andam sempre com muita pressa, indo de lá pra cá, mas nunca sabem exatamente onde querem chegar. Elas correm atrás de coisas que julgam importantes, e dizem com frequencia: "Eu não tenho tempo", estão sempre ocupadas.. mas afinal, para onde estão indo? Eu li uma frase essa semana que me fez pensar, era algo assim:

- Quando alguém está trabalhando e você pergunta: "Por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de sol?" e a resposta é sempre igual: "Para ganhar a vida". E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa. (Erico Ver
issimo)

Em um dia desses eu estava em casa, e resolvi sair e dar uma volta, andar um pouco. Já era fim de tarde, a cidade estava típica de quem mora em um lugar cheio de indústrias e pessoas correndo atrás de dinheiro - não entenda mal, isso não é uma crítica anticapitalista, é só uma observação -, mas aquilo parecia inútil. Eu consegui ver o sol se despedindo de mais um dia, ele era tão vermelho e parecia tão perto... estava frio. O dia estava um pouco cinza, mas o sol ainda pintava em um tom quase laranja o grande número de nuvens. A luz do sol tocava também as folhas das árvores, e as ruas. Naquele momento, eu me senti sozinha no mundo, como se eu fosse a anormal, a louca. E essa frase citada acima, se aplica perfeitamente aqui. O milagre estava lá, a vida, as coisas bonitas que temos gratuitamente, mas poucos sabem aproveitar.

A maior guerra que alguém pode passar na vida é contra si mesmo. Contra os pensamentos, contra os instintos. Contra o medo do que os outros pensam. Talvez não seja possível fazer o mundo perfeito e acabar com todos os seus problemas, mas você pode aproveitar sua estada na terra, eu digo aproveitar o que temos gratuitamente talvez até sem merecer: Deus, as pessoas, os amigos, o amor, o sol, a brisa no rosto, olhar pro céu, sorrisos, sentimentos. É que realmente importa, é o que é pra sempre. O resto acaba.



Não estou dizendo que o correto é largar tudo, seria loucura, provavelmente. A idéia é continuar seguindo a vida, mas parar pra ver o sol as vezes.